[Entrevista] Presidente da ABPSK luta pela inclusão do skate nas Paralimpíadas
O skatista Vini Sardi conta como foi estar em Paris para divulgar o paraskate para o público internacional durante as Paralimpíadas
Oie, essa é a edição número nove da news amplificando narrativas 💫 Queria agradecer a todo mundo da Associação Brasileira de Paraskateboard por participarem dessa matéria e toparem contar essa história aqui na news. E queria principalmente agradecer ao Vini Sardi, skatista com deficiência e presidente da Associação, por conversar comigo para contar um pouco mais da sua história. Obrigada Vini, é sempre um prazer conversar contigo! Então, bora pra leitura?
2016 mudou a cena do skate, pois foi quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou que o esporte se tornaria olímpico a partir das Olimpíadas de Tóquio, que aconteceram em 2020. Na competição, o primeiro pódio da modalidade street masculina contou com o brasileiro Kelvin Hoefler, conquistando a medalha de prata. E também não há como não citar a "fadinha do skate", a atleta Rayssa Leal, que se tornou a brasileira mais nova a conquistar uma medalha olímpica na história das competições. Mas, como fica o paraskate – ou seja, o skate praticado por pessoas com deficiência (PCD) – em tudo isso? ♿
Pensando em mostrar que, sim, é possível que pessoas com diferentes deficiências pratiquem esportes de alto impacto como o skate, o skatista e presidente da Associação Brasileira de Paraskateboard (ABPSK), Vinicios Sardi (mais conhecido como Vini Sardi), foi à Paris 🇫🇷 para fazer uma apresentação e divulgar a prática do esporte na CASA BRASIL, local desenhado para receber os atletas paralímpicos brasileiros, onde também foi montada uma rampa de skate.
“Primeiramente foi uma parada muito incrível porque foi a primeira vez que eu fui para Paris e foi a primeira vez também que tava ali perto dos Jogos Paralímpicos e tive essa oportunidade. A nossa missão ali foi levar o paraskate para dentro da CASA BRASIL. Nessa edição, eles construíram uma rampa para gente poder fazer algumas apresentações e divulgar o paraskate tanto entre os atletas, quanto entre as entidades e o pessoal que frequentava o espaço”.
“Foi uma parada muito legal porque fazendo essa divulgação, acredito que chegamos cada vez mais perto da introdução do paraskate em uma futura paralimpíada que é a nossa principal missão hoje em dia. Foi uma experiência muito incrível estar ali junto com os atletas quando eles chegavam com as medalhas, o pessoal fazia muita festa e tinha momentos que não parecia que eu estava na França mas parecia que tava no Brasil então foi uma experiência muito muito incrível mesmo”, afirma Sardi.
Vini nasceu com uma má-formação e por isso não tem as pernas. Quando o skatista começou a praticar o esporte há mais de 10 anos atrás, ele notou que se não usasse as próteses para dar as "remadas" e fazer as manobras, teria mais facilidade nos movimentos. E foi assim que o atleta adaptou a prática do esporte para a sua realidade. Vini foi campeão dos X-Games em 2019, e hoje encara o paraskate como uma "missão pessoal" porque, para ele, o esporte teve um impacto consistente na sua vida 🛹
“Eu já tinha falado, o skate me ajudou muito na minha questão de aceitação, de círculo social, de interação com as pessoas, de visão de mundo, de várias formas o skate me ajudou. E hoje trabalhar para o paraskate é tentar devolver um pouco para o skate o que o skate me dá”.
“Eu sei a importância do que o skate fez na minha vida e eu quero levar isso para as pessoas que talvez estão na mesma situação que eu. Enfim, acho que é isso: mudar a vida das pessoas da forma que o skate mudou a minha”, diz Sardi.

Mas a modalidade do paraskate por ser relativamente nova, ainda não é reconhecida nos Jogos Paralímpicos e a expectativa de mudança fica para a edição de 2032, que acontecerá na Austrália 🇦🇺, porque não há mais tempo hábil para inclusão do esporte para as Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028, pontua Sardi.
O skatista ainda compartilha que o maior desafio sobre a inclusão da modalidade nos Jogos é a questão da quantidade de atletas que o praticam. Muitas vezes, os paratletas competem em uma mesma categoria, sem a diferenciação das deficiências, que é um dos requisitos obrigatórios do COI para que um esporte seja incluído nas Paralimpíadas.
“Acho que tendo mais países, consequentemente, você vai ter mais para atletas e aí as coisas vão acabar andando mais fácil. Precisamos começar a trabalhar agora para ter o paraskate em 2032 na Austrália, Los Angeles não tem mais como e, infelizmente, falo isso muito triste porque eu gostaria muito que tivesse. Acho que a Califórnia tem tudo a ver com skate, mas não vai rolar”.
“Só em 2032 mesmo, daí a nossa expectativa no Brasil. Porque aqui nós somos, disparadamente, a potência do paraskate. Os melhores atletas do mundo estão aqui, estamos na frente em questões técnicas, em questões de campeonatos. Esse é um grande sonho nosso e eu tenho certeza que vocês vão ver isso sendo realizado ainda e trazendo muitas medalhas para o Brasil”, diz Sardi
Mesmo com os desafios para que o esporte seja incluído nos Jogos Paralímpicos, o paraskate vem crescendo nos últimos anos, tanto no Brasil como globalmente. Um exemplo disso foi a criação de uma categoria voltada para pessoas com deficiência no STU (Skate Total Urbe), uma das competições mais importantes do skate atualmente, onde Sardi não só compete, mas já foi campeão algumas vezes 🏆
Além disso, a criação do PARASKATETOUR em 2021 também é um sinal positivo da popularização do esporte entre pessoas com deficiência. Na edição deste ano, por exemplo, o evento contou com mais de 35 atletas inscritos, com a inclusão de uma categoria específica para skatistas com deficiências visuais.
“Então a gente vem trabalhando muito aqui no Brasil na questão de fomentação do paraskate com campeonatos e eventos. Esse ano a gente teve o PARASKATE TOUR que foi o maior campeonato de paraskate do mundo com um campeonato só de paraskate, tivemos 35 ou 40 confirmados e foi um recorde mundial. Nesse campeonato, a gente já conseguiu fazer algumas divisões de deficiências né, com a primeira bateria só de deficientes visuais que é um dos requisitos", afirma Sardi.
“A gente andava todo mundo junto nas mesmas categorias e a gente começou a crescer a categoria, com uma parceria junto do STU que colocou o paraskate em todas as suas etapas, isso traz bastante visibilidade até porque eles são um dos maiores campeonatos de skate do mundo hoje. E aí o PARASKATE TOUR veio para ser um campeonato só de PCD, só de paraskate mesmo, e aí nós tivemos algumas edições em 2021 e 2022 mas essa deste ano foi a maior de todas”.
“Como eu falei para você, a gente bateu o recorde de inscritos, tivemos mais de 35 e a primeira bateria de cegos. Então foi um campeonato que veio pra dar para criar uma base para o paraskate, para trazer as crianças também porque elas são nossos futuros atletas paralímpicos. [O PARASKATE TOUR] Veio para suprir essa necessidade de ser um campeonato só de paraskate então foi tudo incrível, deu tudo certo e ano que vem estamos querendo transformar em uma etapa internacional e trazer os gringos pra vir competir”, pontua Sardi.
🛹 Conheça a ABPSK
Criada em 2022, a Associação Brasileira de Paraskateboard (ABPSK) é a entidade que representa institucionalmente a modalidade de paraskatistas brasileiros, para divulgar o esporte e dar suporte a atletas com deficiência. A organização também tem como objetivos: aumentar o número de atletas, incentivar outras pessoas com deficiência a praticarem o esporte demonstrando o potencial dessas pessoas, além de inserir a modalidade em campeonatos de skate regionais, nacionais ou internacionais.
Ela também dá auxílio ao Comitê Paralímpico para definição de subcategorias do esporte. Você pode conhecer mais sobre a Associação, clicando aqui. Também é possível que skatistas com deficiência – que praticam o esporte por lazer ou profissionalmente – se associem à organização no site.
💌 A parceira da amplificando narrativas 💫
Nossa newsletter tem o orgulho de contar com a parceria da marca brasileira Manui Brasil. Com um compromisso ambiental em sua produção, a Manui celebra a diversidade em cada peça. Se tem uma marca que entende de inclusão, é a Manui!



E como adoramos apoiar boas revoluções por aqui, a marca está oferecendo um DESCONTO VIP de 15% para os leitores da nossa newsletter!
Para garantir o seu desconto, basta acessar o site da marca aqui:
CUPOM: NARATIVASMANUI15
Bora espalhar pequenas revoluções? Torço para que você saia inspirado a conhecer (e apoiar) atletas com deficiência. Até o próximo texto, tchau tchau!🌟