[Entrevista] Paralimpíadas 2024: conheça a trajetória de 5 atletas brasileiros que vão competir em Paris
Saiba como funciona a rotina de treinos de alguns atletas brasileiros escalados para as Paralimpíadas de Paris, além de conhecer detalhes sobre suas inspirações
Oie oie, essa é a quarta edição da newsletter amplificando narrativas 💫 E hoje vamos falar sobre as Paralimpíadas de Paris. Essa newsletter é a primeira de duas sobre os jogos paralímpicos, que vão sair nessa semana. Nessa edição, foram utilizadas informações do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e entrevistas com os atletas Daniel Xavier Mendes, Jardiel Vieira, Sabrina Custódia, Thiego Marques e Wanna Brito. Então, bora para a leitura?
O ano era 2016, não imaginava estar assistindo a uma partida olímpica de futebol no Rio de Janeiro. O jogo era da equipe chinesa contra a Espanha e os dois times estavam concentrados para ter o máximo de aproveitamento, o ambiente estava tenso pela apreensão do resultado. Talvez você tenha imaginado uma cena com uma torcida apaixonada gritando ao fundo durante cada lance, cada passe e cada cobrança de falta, mas, ao contrário, a partida tinha um silêncio característico e, deveria ser assim. Tudo isso por um motivo: os atletas precisavam escutar o som que ressoava da bola. Sim, eu estou falando da modalidade de futebol de cegos, durante as Paralimpíadas do Rio.
Oito anos depois, os atletas estão na capital francesa para dar início a um novo capítulo das competições. Sob o lema “espírito em movimento”, os Jogos Paralímpicos de Paris resumem a essência de celebração por excelência no esporte. Porque, independente da modalidade, os atletas paralímpicos carregam a possibilidade de desafiar paradigmas, mostrando que deficiências não são fatores limitantes, mas sim características que devem ser respeitadas.
“Temos dificuldades sim, mas nós mesmos conseguimos provar para todos que nada é impossível, que precisamos lutar pelos nossos direitos e nos unir porque juntos iremos fazer a diferença não só no esporte, mas na vida diária”, diz Jardiel Vieira, jogador de futebol de cegos escalado para representar o Brasil nas Paralimpíadas em entrevista ao amplificando narrativas 💫 Jardiel conheceu o futebol de cegos através de um evento em São Luís, do Maranhão, voltado para pessoas com deficiências visuais.
💪🏽 Como funciona a rotina de treinos dos atletas que estarão nas Paralimpíadas?
Seja nas quadras de futebol, como é o caso de Jardiel, nas pistas de corridas, realidade vivida por Sabrina e Wanna ou nos tatames e piscinas, como é o caso de Thiego e Daniel, os atletas brasileiros que competem em desportos convivem com alto nível de exigência e, tanto Jardiel, como Sabrina e Daniel, destacam o descanso como maneira importantíssima de manter um bom rendimento nos treinos, além de toda a rotina constante de treinos, como uma boa alimentação e acompanhamento psicológico.
“Sofri um acidente no começo do ano, isso acabou interferindo na preparação. Meus treinamentos ficaram um pouco pesados, mas por um motivo bom. Tinha apenas dois meses para poder voltar a minha melhor performance e, graças a deus, pelo volume de treino, treinando de manhã e de tarde, se concentrando mais, com alimentação e com descanso no treinamento consegui voltar”, afirma a atleta do ciclismo paralímpico, Sabrina Custódia, que tem as mãos, o pé direito e os dedos do pé esquerdo amputados. Antes do ciclismo, esporte que pratica há cerca de nove anos, a atleta competiu por três anos e meio no atletismo.
Mas cada esporte tem uma rotina diferente, no caso da seleção brasileira de futebol de cegos, os atletas ficaram alocados em João Pessoa e usaram a areia das praias da região para treinar o condicionamento e fortalecimento durante os últimos sete meses. "Sabemos que as Paralimpíadas são importantes para todo atleta. E para gente do futebol não é diferente, a nossa comissão decidiu tornar a nossa seleção permanente para fazermos uma preparação mais adequada", diz Vieira, que é fã de Cristiano Ronaldo e admirador do atleta Jefinho.
"Minha preparação começou logo um dia após a Paralimpíada de Tóquio. Logo quando a gente chegou, já viemos focados, contando dia a dia até a chegada de Paris. Quando acabou Tóquio, para a gente já era aquela frase ‘Paris é logo ali’. Todo dia, estamos treinando bastante, fazendo a nossa preparação para chegar ao lugar mais alto do pódio. Não espero nada menos que medalha de ouro lá”, diz o judoca paraense Thiego Marques, que pratica o esporte desde os 12 anos de idade e tem baixa visão por conta do albinismo.
Já o nadador carioca Daniel Xavier Mendes compartilha detalhes sobre a preparação multidisciplinar da natação que, segundo ele, conta com etapas dentro e fora da piscina.
“Venho me preparando nos últimos campeonatos mundiais e mais uma questão de aprimoramento, de conhecer mais seu corpo ao longo da carreira então a gente consegue ter uma noção melhor do que da certo e o que não dá certo. Mas a preparação segue a mesma. Muito forte, treino todo dia, seja segunda a sexta, sábado, temos treinos esporádicos também. Uma parte fora da piscina como preparação física, mas é aquilo, o foco total. Cara, o que eu não abro mão da minha rotina de treinos é principalmente estar sendo feliz fazendo aquilo, claro tem momentos que não vão ser confortáveis, mas é aquilo, no fundo você tem que ter um propósito e estar feliz com isso que você está fazendo para que aí sim as coisas comecem a dar certo”. Daniel tem paraparesia espástica, que limita os movimentos dos membros inferiores.
Para a macapaense Wanna, diagnosticada com paralisia cerebral durante o parto, as expectativas são enormes para conseguir ótimos resultados em Paris. “A minha expectativa é enorme, treinei muito. Eu treinei doente, treinei com dor. Dei meu máximo em todos os treinos para conseguir chegar aqui e tenho certeza que isso trará ótimos resultados. Tenho certeza que Paris vai ser um resultado muito bom também".

🏠 As inspirações para o esporte vêm de casa
As inspirações para o esporte podem vir de muitos lugares. Para Custódia, a grande inspiração é o ultramaratonista amputado Paulo de Almeida. Mas alguns dos atletas ouvidos pela newsletter amplificando narrativas 💫 têm suas figuras de inspiração mais próximas do que muitos podem imaginar. Mendes ressalta que como nadador, ele admira Michael Phelps e o paratleta brasileiro, Daniel Dias, mas que seu pai é um grande motivador pelo seu gosto por esporte desde quando começou a treinar aos três anos de idade.
“Então, minhas inspirações no paralímpico é o Daniel Dias e, como todo nadador, o Michael Phelps também. Na verdade, comecei no esporte muito novo, tinha três anos e os médicos que indicaram isso. E eu vejo meu pai muito como essa figura, ele sempre me incentivou, adepto aos esportes, um amante dos esportes, então eu vejo muito essa questão paterna também”.
Já Marques compartilha a importância que seu avô teve como grande apoiador para que o atleta continuasse sua jornada no judô, mesmo que ele não entendesse muito bem a realidade do esporte. Além disso, Thiego também ressalta a importância das amizades nesse espaço de acolhimento.
"Olha, a minha primeira inspiração foi meu avô. Meu avô era um senhorzinho de idade que nem entendia muito bem o que era o esporte, mas ele sempre me apoiou, foi a primeira pessoa da minha família a me apoiar. E ao longo dos anos, a minha inspiração dentro do esporte é a Alana Maldonado, hoje minha parceira de clube, do Palmeira, parceira de seleção e grande amiga”.
🇫🇷 Quando começam os Jogos Paralímpicos de Paris?
Os Jogos da XVII Paralimpíadas começam no dia 28 de agosto, quarta-feira, e terminam no domingo, dia 08 de setembro de 2024. O evento contará com a presença de 185 delegações e foi organizado pelo Comitê Paralímpico Internacional. Nos Jogos Paralímpicos de Paris, o Brasil terá a participação de 280 atletas na competição.
🇧🇷 Qual é o histórico brasileiro nas Paralimpíadas?
De acordo com dados do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o Brasil tem um forte histórico de participações nas Paralimpíadas. Se considerarmos os primeiros jogos oficiais, de 1972 até as últimas Paralimpíadas em 2021, o país latinoamericano só se desenvolveu – conforme o gráfico que preparei, que você pode acessar clicando aqui.

Quando falamos do histórico brasileiro nas Paralimpíadas não tem como não citar a história do nadador e medalhista Daniel Dias. Daniel é o maior medalhista paralímpico Brasileiro da história, com um total de 27 medalhas apenas nos jogos paralímpicos que competiu, sendo 14 delas, de ouro. Além disso, o atleta competiu em mundiais e nos Jogos ParaPan e recebeu o prêmio de Melhor Atleta Paraolímpico do Prêmio Laureus em 2008, 2012 e 2016.
♿ Quando começaram as Paralimpíadas?
Os Jogos Paralímpicos, antigamente conhecidos como Jogos Paraolímpicos (da combinação das palavras "paraplegia" e "olimpíadas"), começaram em 1948, com uma espécie de reunião de veteranos britânicos da Segunda Guerra Mundial. De lá para cá, os jogos paralímpicos se tornaram o evento esportivo de maior prestígio – que acontece logo em seguida dos jogos olímpicos (ou seja, do grego "para", fazendo referência à expressão "ao lado das Olimpíadas").
Mas, as primeiras Paralimpíadas oficiais aconteceram somente em 1960, em Roma. O evento contou com a participação de 400 atletas de mais de 20 países. Dentre os esportes mais conhecidos, estão: basquete em cadeira de rodas, voleibol sentado, natação, atletismo e rugby em cadeira de rodas. Mas existem 22 modalidades esportivas no total, sendo elas:
Conheça as modalidades dos Jogos Paralímpicos 2024
Atletismo
Badminton
Basquete em cadeira de rodas
Bocha
Canoagem
Ciclismo de estrada
Ciclismo de pista
Esgrima em cadeira de rodas
Futebol de cegos
Goalball
Halterofilismo
Hipismo
Judô
Natação
Remo
Rugby em cadeira de rodas
Taekwondo
Tênis em cadeira de rodas
Tiro com arco
Tiro esportivo
Triatlo
Vôlei
Para garantir uma competição justa, os atletas são classificados em níveis de acordo com a deficiência de cada um.
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Espero que você saia cheio de inspiração para continuar diálogos sobre diversidade e acessibilidade e inclusão. Nos vemos na próxima newsletter!
Amei essa newsletter!!! Adorei como foi abordado cada atleta, suas inspirações e saber um pouco mais de perto de cada um! Seu trabalho é incrivel!!!
Sensacional!