[Entrevista] Paralimpíadas 2024: como esses 5 paratletas brasileiros chegaram no evento de esporte mais prestigiado do mundo
Além do sonho de levar para casa medalhas do evento olímpico, esses atletas compartilham suas visões sobre o impacto positivo do esporte e deixam mensagens para outras pessoas com deficiência
Oie oie, essa é a quinta edição da newsletter amplificando narrativas 💫 Essa news é a segunda de dois conteúdos preparados com muito carinho para esse "esquenta" dos jogos paralímpicos. Nessa edição, foram utilizadas informações do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e entrevistas com os atletas Daniel Xavier Mendes, Jardiel Vieira, Sabrina Custódia, Thiego Marques e Wanna Brito. Bora pra leitura?
🏆 O papel dos esportes na vida dos atletas
O esporte é capaz de mudar vidas com histórias conhecidíssimas de medalhistas brasileiras, como é o caso da ginasta Rebeca Andrade ou da judoca Beatriz Souza, que fizeram história na edição das Olimpíadas de Paris.
E a história não é diferente quando tratamos sobre os esportes paralímpicos. Thiego compartilha como o esporte foi a ferramenta que ele encontrou para alcançar seus sonhos. Vindo de uma cidade do interior do Pará, Thiego foi para uma cidade grande, se formou no ensino superior e pode conhecer diversos países – tudo isso com a ajuda do esporte.
“Eu sempre falo essa frase que eu não almejo ser famoso mas eu quero que essa história fique famosa. Eu sou do interior do Pará, de uma cidade chamada Parauapebas, eu tenho apenas 15% da visão com óculos. E ainda assim, eu consegui sair da minha cidade, consegui vir para uma cidade grande, consegui me formar no ensino superior, conheci mais de 16 países, sou vice-campeão mundial. Dentro de diversas outras conquistas, eu acredito que essa é a narrativa que eu quero espalhar, é que o esporte muda vidas, ele faz a gente ser campeão dentro dos tatames e fora deles”.
Já Daniel fala sobre a importância de se ter equilíbrio entre a prática de um esporte de alto rendimento e as outras áreas da vida de um atleta.
“Se você está com a cabeça limpa e sabendo o que fazer em qualquer âmbito da sua vida, você vai conseguir fazer com mais maestria quando você tem mais concentração e foco. Então acho que é mais essa questão de você ser alegre, responsável sempre, claro, mas ter esse equilíbrio entre a vida do atleta de alto rendimento e também do ser humano”.
📢 O sonho de ser atleta paralímpico é uma realidade possível
O judoca fala sobre como, para ele, o esporte – independente de qual seja – pode ter a potência de tirar qualquer limitação. “Eu acredito que o esporte tira toda e qualquer limitação que a gente tenha. Seja uma pessoa com deficiência, seja um credo religioso, seja etnia. Enfim, eu acredito que dentro do esporte, todo mundo é igual. Com as suas devidas adaptações, todo mundo se torna igual, então eu indico a todos o esporte e principalmente o meu esporte, que é o judô”.
Sabrina conta que continuar acreditando no sonho de ser esportista a trouxe à competição de Paris 2024, e que sim, sonhos como esse são possíveis. “Deu certo por acreditar que um dia eu ia conseguir e hoje eu estou indo”.
Para Daniel, é importante ter um propósito claro na prática de um esporte. “Então, assim, a gente tem total capacidade de estar ali brigando no pódio, de estar levantando a bandeira do Brasil à nível internacional. E aquilo, muito feliz de estar participando das minhas primeiras Olimpíadas e ansioso, acima de tudo”.

♿ A capacidade está em nós
"Qual mensagem você gostaria de deixar para outras pessoas com deficiência?", foi essa uma das perguntas que fiz durante a entrevista e o jogador de futebol de cegos, Jardiel, afirma: “Gostaria de mostrar para todos que nós, pessoas com deficiência, somos capazes de fazer aquilo que temos vontade. É muito comum as pessoas ainda não saberem que tem como uma pessoa cega jogar bola, e cada dia mais, nosso esporte vem quebrando essa barreira e mostrando que pessoas com deficiência visual podem jogar. Gostaríamos de atrair mais pessoas para assistir o nosso esporte, crianças que estão em casa que gostam de futebol mas acham que não conseguem jogar, isso está mudando. O futebol é isso: arte! E queremos alcançar o maior número de pessoas com a nossa arte”.
Para Daniel existe apenas um imperativo: “Pratiquem um esporte”. O nadador descreve a prática esportiva como uma ferramenta de qualidade de vida e auxílio na questão do desenvolvimento da integração social em um espaço livre de julgamentos. Ali, na piscina, o esportista entendeu que não era o único a viver aquela realidade e ele descreve esse sentimento de pertencimento como algo “libertador”.
“Cara, primeiramente, pratiquem um esporte, procurem um esporte dentro desse mundo paralímpico que é uma ferramenta de qualidade de vida. Traz muita qualidade de vida tanto literalmente por ser muito bom para o corpo uma atividade física, mental e também na questão das relações, sabe? Você conhece muita gente igual ou você ou parecidas e muito diferentes também, cada tipo de deficiência. Mas é uma parada que te liberta totalmente na questão de integração social e de não julgamento. É diferente o ambiente e eu senti muito isso quando eu vim pro esporte paralímpico de ver mais pessoas com deficiência, que não era só eu uma pessoa com deficiência”.
Sonhar é possível, e pode dar certo, mesmo tendo complicações ao longo do caminho. Para a atleta, pessoas com deficiência devem ocupar os espaços – seja nos esportes, no trabalho ou nos estudos – sempre com muita persistência.
“Gostaria de dizer para as pessoas com deficiência que elas não desistam do sonho delas, que por mais difícil que seja a gente vai fazer até conseguir e vai dar certo. Eu sei que pra gente que é deficiente é tudo mais complicado, né? Mas não é motivo para desistir, a gente dar nosso máximo para chegar lá, seja aonde for, seja no esporte, seja no estudo, seja na área de trabalho, seja onde quer que ele vá mas vai dar certo. Continue persistindo que uma hora, chega a glória. [Queria] falar o quanto o esporte mudou minha vida, mudou minha autoestima, o quanto o esporte abriu portas para mim e o quanto o esporte pode proporcionar grandes momentos, grandes evoluções na minha vida, na vida de outras pessoas que estão a minha volta. A vida do deficiente não é só a deficiência, [falar] que a gente não pode só se apegar nisso e que a gente pode mudar a nossa realidade e que a gente pode ser grandes pessoas e grandes ‘tudo’ que a gente quiser ser a gente pode ser”.
🇫🇷 Quando começam os Jogos Paralímpicos de Paris?
Os Jogos da XVII Paralimpíadas começam no dia 28 de agosto, quarta-feira, e terminam no domingo, dia 08 de setembro de 2024. O evento contará com a presença de 185 delegações e foi organizado pelo Comitê Paralímpico Internacional. Nos Jogos Paralímpicos de Paris, o Brasil terá a participação de 280 atletas na competição.
🇧🇷 Qual é o histórico brasileiro nas Paralimpíadas?
De acordo com dados do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o Brasil tem um forte histórico de participações nas Paralimpíadas. Se considerarmos os primeiros jogos oficiais, de 1972 até as últimas Paralimpíadas em 2021, o país latinoamericano só se desenvolveu – conforme o gráfico que preparei que você pode acessar clicando aqui.
Quando falamos do histórico brasileiro nas Paralimpíadas não tem como não citar a história do nadador e medalhista Daniel Dias. Daniel é o maior medalhista paralímpico Brasileiro da história, com um total de 27 medalhas apenas nos jogos paralímpicos que competiu, sendo 14 delas, de ouro. Além disso, o atleta competiu em mundiais e nos Jogos ParaPan e recebeu o prêmio de Melhor Atleta Paraolímpico do Prêmios Laureus nos anos de 2008, 2012 e 2016
♿ Quando começaram as Paralímpiadas?
Os Jogos Paralímpicos, antigamente conhecido como Jogos Paraolímpicos (da combinação das palavras "paraplegia" e "olimpíadas"), começaram em 1948, com uma espécie de reunião de veteranos britânicos da Segunda Guerra Mundial. De lá para cá, os jogos paralímpicos se tornaram o evento esportivo de maior prestígio – que acontece logo em seguida dos jogos olímpicos (ou seja, do grego "para", fazendo referência à expressão "ao lado das Olimpíadas").
Mas, as primeiras Paralímpiadas oficiais aconteceram somente em 1960, em Roma. O evento contou com a participação de 400 atletas de mais de 20 países. Dentre os esportes mais conhecidos, estão: basquete em cadeira de rodas, voleibol sentado, natação, atletismo e rugby em cadeira de rodas. Mas existem 22 modalidades esportivas no total, sendo elas:
Conheça as modalidades dos Jogos Paralímpicos 2024
Atletismo
Badminton
Basquete em cadeira de rodas
Bocha
Canoagem paralímpica
Ciclismo de estrada
Ciclismo de pista paralímpico
Esgrima em cadeira de rodas
Futebol de cegos
Goalball
Halterofilismo
Hipismo
Judô
Natação
Remo
Rugby em cadeira de rodas
Taekwondo
Tênis em cadeira de rodas
Tiro com arco
Tiro esportivo
Triatlo
Vôlei
Para garantir uma competição justa, os atletas são classificados em níveis de acordo com a deficiência de cada um.
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Bora continuar pequenas revoluções por aí? Espero que você saia inspirado a continuar diálogos sobre acessibilidade e diversidade, entendendo o impacto dos Jogos Paraolímpicos na mudança da percepção da sociedade sobre as deficiências. Nos vemos na próxima newsletter!